quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Onde nasce o amor?

Todo mundo espera, e talvez seja mesmo o mais comum, que a mulher fique grávida e desenvolva um amor profundo e infindável pelo bebê que carrega dentro de si.
Mas a verdade é que nem sempre isso acontece. E o que fazer se além de tudo esse bebê foi planejado, desejado e demorou mais de um ano até chegar?

Eu também não sabia o que fazer, e tive medo. Por isso me afastei. Talvez todo pesadelo inicial, e o cápítulo sangramento/dor/hematoma/médico/medo/medo/medo tenham contribuído pra tudo ficar pior. E quando eu dei por mim o bebê era um intruso, e eu já não tinha mais nenhuma intimidade com aquela barriga crescendo.

A crise e a culpa são inevitáveis pra quem passa por um momento assim. Fiquei procurando em qualquer detalhe o amor que eu sentia, e que num repente já não estava mais ali...o que fez tudo mudar no meio do caminho? Foram dias de muito sofrimento, de muito conflito e de um aprendizado muito valioso.

Acordei um dia precisando desesperadamente de uma identificação, precisava encontrar alguém que já tivesse passado por essa experiência. Em vão procurei no google, procurei em sites e encontrei, somente um fórum americano de mulheres que desabafavam sobre o quanto não gostavam da gravidez. Fiquei por horas traduzindo e lendo cada história. E depois daquele fórum eu descobri muita coisa. Muitas mulheres certamente já passaram ou vão passar por isso.
Mas a vergonha e o medo de serem julgadas vai calar esse sentimento, e isso possivelmente tornará as coisas muito piores.

Sobre isso o que eu posso dizer? É fundamental buscar toda ajuda necessária. Terapia, amigos, apoio do parceiro são fundamentais nesse processo. Eu tive apoio, é só por isso consegui me sentir melhor e só por esse carinho consegui publicar esse post hoje. (que na verdade começou a ser escrito tem algumas semanas)

Rodrigo não é só o meu marido, é o meu melhor amigo, e me deu força sempre, e me fez acreditar que o tempo de amar ia chegar.

E a Carol ela é uma irmã que o meu coração escolheu, no meio do que a gente ganhou e perdeu, essa amizade tomou uma proporção gigantesca, e as coisas sempre são mais fáceis quando ela está por perto.

Esses dois amores aí, me deram tempo o meu tempo.
E por causa desse amor deles, é que o amor que eu carrego voltou pra mim.

No meio de tudo, eu confundi muita coisa. Em nada o que eu vivi tem a ver com o meu filho.
A gestação me trouxe um medo desesperador, uma fase de muita angústia, e quase tudo eu deixei de curtir pra ficar presa nesses sentimentos. Eu comecei a perder a privacidade do meu corpo, as pessoas passando a mão na barriga, levantando a minha roupa pra "ver o bebê" me incomodaram e eu não soube fazer isso parar. Os milhares de palpites "dos que sabem de tudo" minou a minha confiança e me fez sentir infantil.

Agora eu sei que a fase de gestar não é a mais amada por mim, que eu quero logo um bebê nos braços, mas sei que o caminho é esse.
Que eu talvez eu nunca seja uma apaixonada por gravidez, mas sou amarradona nessa pessoinha que mora aqui! Eu amo meu filho, mas não amo estar grávida.

E sabe, filho, você vai nascer da minha barriga, mas foi primeiro no meu coração que você cresceu. O seu irmãozinho não vai nascer da barriga da mamãe, mas como você, tem muito tempo que ele já crescia no meu coração.

E essa história, ainda continua.

13 comentários:

  1. Oi, Jordana, lembra de mim? espero que sim!
    Bem, não sou grávida e nem tentante... mas por ter te "conhecido" através da Carol adicionei o seu blog nos meus favoritos e fiquei aqui acompanhando... mesmo caladinha. E vi que os seus posts ficaram raros, até não ter mais nenhum... Ontem mesmo entrei aqui e vi que não tinha nada, só para confirmar... de repente o blogger me sabotou e não mostrou a sua atualização.

    Mas mesmo estando longe de estar grávida, entendo vc de certa forma... Pq eu morro de vontade de estar grávida, mas confesso que tenho medo do processo... e principalmente do parto. Sou fresca, sabe? não gosto de sangue e fico impressionada fácil - apesar de tentar ser valente - então, pra mim o filho poderia sair de mim, assim como um papel é impresso pela impressora rs

    O mais importante deste processo é vc ter apoio! Apoio do homem da sua vida e da sua mais nova irmã... a vida, a internet, tem dessas coisas... consegue criar laços inemagináveis! Fico feliz por vc e em saber que está bem! E lembre-se sempre, mesmo quando tudo parece ao contrário, como a vida pode ser bonitinha, fofolética, como na música que a Carol postou hoje!

    beijos, beijocas e um abraço apertado! ju

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  3. Oi Jordana, te achei no blog da Carol e ja faz um tempinho que te sigo, primeiramente quero dizer que admiro sua coragem de vir aqui e expor seus sentimentos de maneira tão clara, mesmo sabendo que sempre terá alguem para te julgar. O que não é o meu caso. Eu tenho muita vontade de ser mã, não agora, mas tenho, mas apesar de ter essa vontade eu tenho medo, porque afinal de contas tudo muda não é mesmo? O nosso corpo passa pela maior de todas as transformações. E eu creio que não somos obrigadas a amar esse processo.
    O importante é vc amar o seu filho, e dizer isso a ele. E pelo que percebi isso vc já faz!
    Espero que vc tenha ao menos uma gestação tranquila, e quando vierem passar a ,ão na sua barriga ou até mesmo erguerem sua blusa (o que eu acho uma total falta de respeito) apenas diga que não gosta!
    E que bom que vc tem um marido muito amigo!
    bjocas

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  4. jordana, oi! Olha, minha mãe cosstuma dizer que não gostava de estar gravida. Que pra ela era ruim, desagradavel, fisicamente muito desastante. Mas que nunca se arrependeu de ter tido a minha irmã ou a mim. E que quando nascemos, ela sentiu que a vida dela tinha sentido, que ela tinha nascido para ser nossa mãe. E as lembranças boas que tenho na infancia podem ate se confundir com as ruins quando ele ficou doente, mas antes, eu tinha alguem com quem brincar, que inventava coisas pra fazer, e historias pra eu dormir.

    Não se sinta sozinha, procure ajuda se sentir necessario, e se quiser, esta em cartaz um filme chamado "um estranho em mim" que pode te tirar algumas duvidas e te deixar atenta quando o bb nascer.

    sei de uma coisa - o medo e a ansiedade ao extremo. Então, todo esse medo, esse nervoso, essa sensação ruim, tem a ver com a ansiedade do seu bebe estar do seu lado, nos seus braços, e você ser capaz de dar a ele tudo o que ele precisa. Então saiba que tudo o que ele precisa e de você bem. Então, fique bem! bjs

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  5. Primeiro, obrigada por vir aqui e dividir esse sentimento, se expor em detalhes que a maioria esconde.

    Imagino como deve ter sido complicada essa fase, esse período e acho sim que deve ser bem, mas bem mais comum do que imaginamos, porém as pessoas não falam com medo do que os outros podem pensar.

    Eu tenho uma amiga, com gravidez super desejada, que hoje é completamente apaixonada pelo filho, mas que conta que ao contrário do que todas as mulheres diziam, ela não amou aquele bbzinho logo que nasceu, ela amava a barriga, aquele serzinho que se mexia dentro dela e quando veio ao mundo.. opss. Teve que aprender a amá-lo e se sentiu péssima por se achar a única assim, por não ter aquele AMOR imediato. Na verdade ela tinha todo amor, só teve que direcioná-lo... rsrsrs e tenho uma outra que simplesmente achou a experiência de estar gravida a pior do mundo e a única recompensa foi o lindo bb que ela amou desde quando ouviu seu chorinho... mas que o próximo será certamente adotado... hahaha! Cada um cada um e nessa história, não tem certo nem errado.

    Fico muito feliz de vc estar melhor e tendo muito apoio para lidar com essa nova situação.

    bjos

    www.vidademargarina.com.br

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  6. Jo querida, eu sempre soube dessa sua paixao em adotar uma crianca, lembro tao bem de um post seu q marcou a minha vida...
    Que vc pensava na correria da escola, da comidinha dele, das brincadeiras, das musicas juntos... e eu, eu nao pensava em mais nada alem da minha barriga, Me senti egoista demais, me senti triste por isso e te invejei pelo modo de pensar!
    Gravidez nao eh para todo mundo nao, e depressao pre parto tbm acontece.
    So quero q vc saiba q ninguem tem nem vai te crucificar por isso.
    E alem do que, a barriga dura 40 semanas e seu bebe vai virar menino, depois um adoloscente e um lindo rapaz, e esse amor nao diminuiria nunca!!
    Espero q vc volto pra ficar e saiba q aqui vc tem uma amiga tbm!
    Um gde bju

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  7. Olha Jo, seria demagogia demais todas as mulhees q ficam gravidas nao passarem ou nao sentirem isso q vc escreveu ai tao bem...eu tb CUSTEI a amar loucamente a condição de gravida pelos medos todos q vc bem sabe e bem relatou. A gente passa mais tempo temendo as coisas, q se esquece de curtir o q "temos a obrigaçãode curtir", mas no fundo nao temos obrigação disso nao! Hj eu amo estar gravida e estou curtindo mais tranquilamente essa fase, mas ate chegar aqui muuuuita agua passou por debaixo da minha ponte! Mas como vc mesma disse, talves sempre tive medo ou vergonha de adimitir isso. Eu ainda sou apavorada, mas hj sinto uma ligação unica com a minha filha e isso me deixa extremamente feliz. Estar gravida nao é só uma mudança no corpo, no fisico...é mUITO mais q isso. Muda a cabeça, os pensamentos e isso a principio assusta um bocado!
    Mas seu texto é lindo....eu tenho salvo nos meus favoritos da empresa (agora to em casa) um blog onde a menina relata mais ou menos isso, é um texto lindo e muito sincero. Vou tentar achar q te mando ta?

    Beijos

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  8. Nossa flor, eu estava preocupada com vc!
    Apesar de triste, achei seu post profundo e verdadeiro, poucas pessoas tem coragem de admitir, todo mundo acha que gravidez é um mar de rosas! Eu tenho mto medo de mim (rs é serio), de nao saber lidar com isso...
    Acho que o mais importante é o apoio que vc esta recebendo, isso com certeza ajuda e muito, e a terapia com certeza vai te fazer bem.
    Enfim, espero de coração, que vc supere essa fase tristinha, e curta a sua gravidez! Logo logo o baby esta ai, do lado de fora e tudo vai ser mais gostoso!!
    Um BeijOO
    Se cuida

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  9. Jô, quem sou eu para te julgar?

    Acho que vc foi corajossíma em relatar seus verdadeiros sentimentos em relação a sua gravidez. Não é fácil. Mas creio que vc só fez porque conseguiu alcançar uma maturidade sobre tudo o que esta passando.

    Acho importante levantar esta questão, porque na verdade toda mulher se sente na obrigação de amar tudo em sua gravidez. E pelo que tenho lido em muitos outros blogs, às vezes, não é bem assim, né? Contudo, vc foi a primeira a falar sinceramente sobre o assunto.

    É muita mudança para o corpo e a cabeça. O teu corpo não te pertence mais, a vida do seu bb depende da sua. Como não pirar com tudo isso?

    Parabéns pela coragem de se expressar. Espero que pelo seu post você encontre pessoas que estão passando pela mesma situação e consiga trocar experiências e atinge assim uma compreensão ainda maior sobre tudo isso.

    Você abriu uma janela. Torço para que assim vc não se sinta mais tão sozinha com este sentimento. Com certeza outras meninas gestantes se identificaram com o seu post.

    Grande bj!

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  10. TE ADMIRO AINDA MAIS POR ISSO!!

    BJUS

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  11. Muito bom levantar este assunto no blog. Imagino que muitas já passaram por isso e só aumentaram a angústia.
    A gravidez traz modificações significativas na vida, no corpo, no espírito da mulher.
    Uma amiga minha passou por outro tipo de situação (bem diferente), mas que gostaria de relatar: Sua filha muito aguardada nasceu, e ela sabia que a amava muito e havia desejado seu nascimento, mas ao mesmo tempo estava tão atordoada que não ficava sozinha com a filha por medo de cometer algo ruim contra ela (coisa que não fez)... o fato de estar com o barrigão e o bebê na barriga por 9 meses e depois de 20 minutos vir ao mundo tão rápido afetou totalmente sua consciência... Até hoje muita gente não a entendeu, mas foi uma fase que passou e tudo está ótimo agora.
    As pessoas devem abrir a mente para conversar e discutir assuntos necessários, e não se culpar e angustiar-se só.
    Pode ser apenas uma fase (e espero que de poucos dias)!

    Bjo e fica com Deus!

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  12. Jordana,
    Acho que o que você passou e está passando é absurdamente comum, mas é um grande tabu. A obrigação velada de ser a pessoa mais realizada do mundo quando se está grávida, faz com que muitas mulheres sintam isso mas não falem nada. Aí vem a sensação de "sou a única", sou uma má pessoa... O que você fez nesse post foi um serviço de utilidade pública. Certamente vai fazer muitas grávidas por aí se sentirem um pouco melhores com elas mesmas.
    Parabéns pela coragem.
    Beijos

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  13. Oi Jordana!
    Sabe que todo esse medo que vc sentiu já é uma forma de amar!
    O amor vem. Cada pessoa tem um ritmo, um jeito.. mas ele chega com certeza!
    Espero que vc passe a curtir um pouquinho mais a gravidez conforme o tempo passar. Tente interpretar a passaçao de mao na barriga como um carinho das pessoas! Concordo que qdo falta intimidade é uma sensação meio estranha.. mas vindo de amigos e parentes, é um carinho muito sincero!
    Essa mudança toda é mesmo esquisita! Talvez se vc associar tudo com o seu baby que vem vindo, vc passe a curtir um tiquinho mais?
    Sei lá.. vc pode achar meu comentário meio chato.. pq eu estou passando por esse processo com sentimentos um pouquinho diferentes.. só estou tentando ajudar vc a tentar outro ponto de vista!
    Se ajudou, fico feliz, mas se ficou pior, ignore! heheh
    Beijinhos!!
    Adoro vc, viu!

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