sexta-feira, 30 de abril de 2010

A minha mãe NÃO é.

Minha mãe não é metereologista: mas sempre diz “leva um casaquinho que vai esfriar”
Minha mãe não é médica: mas sempre diz “toma tal coisa que faz bem”
Minha mãe não é paramédica: mas ela sempre tem serenidade pra prestar socorro a um doente ou em caso de emergência.
Minha mãe não é enfermeira: mas um beijinho dela cura tudo!
Minha mãe não é piscológa: mas qualquer conversa com ela alivia mais que terapia.
Minha mãe não é nutricionista: mas ela sabe exatamente quantos quilos ou gramas perdi ou ganhei, só de me olhar!
Minha mãe não é cozinheira: mas pra nos convencer a comer ela sempre fazia “carinha” nas comidas.
Minha mãe não é advogada: mas ela sempre defende meu marido.
Minha mãe não é atriz: mas ela sempre disfarça pra que a dor dela não pareça tão grande quanto é.
Minha mãe não é poeta: mas é capaz de dizer as coisas mais poéticas, certas e lindas!
Minha mãe não é comediante: mas consegue me arrancar crises de riso fácil, fácil!
Minha mãe não é bibliotecária: mas quando eu era pequena ela oraganizava, catalogava e guardava todos os brinquedos, centenas de vezes, repetidamente.
Minha mãe não é teóloga: mas tudo o que sei sobre Deus, eu aprendi com ela.
Minha mãe não é professora: mas as lições mais preciosas da vida, foi ela quem me ensinou.
Minha mãe não é artista: mas desenha, pinta quadros, costura cortina, faz pijama pra neta, faz sabonete, creme hidratante, lembrancinhas do meu casamento, prega botão, pinta caixinhas, reforma móveis, faz tricô, usa tear, borda e entre uma coisa e outra, tem tempo pra ser a melhor mãe do mundo.
Minha mãe não é bruxa: mas se ela falar, acontece....
Minha mãe não é fada: mas tem mãos de uma....
O ditado diz “se conselho fosse bom, a gente vendia” e sério, se a minha mãe abrisse uma barraquinha de conselhos ela ficava rica. Pensa, materializa a sensatez na forma de uma pessoa conhecida, se não aparecer ninguém em mente, pensa na minha mãe! É garantido!
Tudo parece exatamente medido, e pensado nas atitudes dela. Mas qual o que! É tudo altamente expontâneo, fruto de equilíbrio e maturidade.
Eu admiro a minha mãe, e ás vezes fico olhando e olhando e me apaixonando mais por ela...que normalmente pergunta: “tá olhando o que” mal sabe ela, é tanto amor, tanto amor....
Aliás, ela sabe sim, antes de casar quando morava com os meus pais, antes de sair de casa pela manhã, eu sempre acordava a minha mãe pra dizer: “tchau mãe, te amo” e ouvir ela responder “vai com Deus.” Pronto, dia protegido, benção de mãe!
Até hoje automaticamente antes de sair de casa pela manhã eu penso “tchau mãe, te amo”
Alguma coisa me diz que de lá ela responde “vai com Deus”
Quem tem mãe precisa rezar pouco, tudo o que a gente pede em oração a mãe já pediu antes, é oração dobrada!
A minha mãe é a minha vida, e eu adoro dizer isso pra ela!
Na minha vida ela disse muitos “nãos”, muitos mais do que “sim” inerente a todas as boas mães. Tinha hora pra dormir, ela me obrigava a tomar leite (eca) e tinha que arrumar a cama e tirar os pratos da mesa. Mesmo com secretária e babá em casa. Minha mãe dizia que aquelas pessoas eram contratadas pra nos ajudar e que não eram nossas escravas. Que a gente tinha condição de arrumar a própria cama e que ninguém faria aquilo por nós
As palavras dela “minha filha, quem não sabe fazer, não sabe mandar” se tiver alguém pra te ajudar em casa, ótimo! Mas saiba lavar, passar, cozinhar pra não sofrer se a grana não permitir pagar alguém que faça!
Acho lindo ver como ela se descobriu vó, agora é hora de aproveitar! Nem acreditei, quando depois de um dia de trabalho eu chego na casa dela e ela diz “conta Cathê pra dindinha aonde tu foste com a vovó” as duas cúmplices passaram a tarde em um parque de diversões! Entre algodões doces e carrosséis...tudo porque a neta achou uma pena a vovó ter que trabalhar numa tarde tão linda assim!
Minha mãe me ensinou uma cartilha:
Sempre “por favor” “com licença” “obrigada” “minha filha a educação abre as portas”
Seja humilde “ninguém perde nada sendo hulmilde”
Sempre respeite os mais velhos, sempre!
Minha mãe é meu exemplo, não tive a sorte grande de ser fisicamente parecida com ela.
Nem de dançar lindamente como ela, minha mãe é bailarina, a postura é perfeita, pra andar no salto, nas sapatilhas ou diante da vida!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Tempo de espera

A visita no orfanato foi incrível, confirmou o que eu no íntimo já sabia, quero um filho do coração!
Ao contrário do que poderia ser, a visita não despertou em mim qualquer sentimento de frustração, pena, tristeza... Ao invés disso eu percebi o quanto o afeto pode ser revelador. Na ala onde ficam os bebês, fiquei muito surpresa porque acreditava que ao pegar um deles no colo poderiam ficar assustados, estranhar e chorar. Não foi o que aconteceu, cada bebezinho que eu segurei nos braços permaneceu calmo, algumas embaladinhas junto ao peito e eles suspiravam, o corpinho ia ficando bem molinho, e então eles adormeciam. Gostoso demais!
A monitora da minha visita explicou que os bebês não estão acostumados ao aconchego materno, ali recebem atenção mecânica, troca de fraldas, alimentação, banho...não tem como receberem atenção exclusiva pois são muitos. Quando eles recebem carinho e colinho assim, relaxam mesmo!
Fiquei extasiada com o poder benéfico do toque humano, conhecia isso por pesquisas, crianças da família...mas com esses pequenos foi intenso, inesperado e mágico.
Ainda na visita, as crianças maiores não me deram muita conversa. Era dia de recreação, então recebi oizinhos e sorrisos de longe!
Um pequenino de 2 anos segurou a minha perna: "tia posso ir pra casa contigo?" Naturalmente eu fiquei de joelhos, peguei o menino no colo e respondi que eu não fui fazer a visita pra levar um deles embora, que eu queria ser amiga de todos e que voltaria lá muitas outras vezes! Ele ficou feliz, segurou meu rosto com a mãozinha melecada, deu um beijo e foi correndo voltar pra brincadeira.
A situação com o menino não me chocou, e eu sei o motivo. Certamente não poderei mudar a vida de todas essas crianças, mas sei também que pra fazer alguma coisa boa por alguém não é preciso tanto assim. Muitas vezes as pessoas deixam de ajudar movidas por uma falsa sensação de impotência, e creiam isso não é real.
Se eu não posso adotar todos e ser mãe deles, posso ser "tia" posso voltar lá e contar histórias. Posso não ter dinheiro para levar brinquedos a toda hora, mas posso levar balas e um montão de carinho!!
Fui na visita com essa intenção, de ajudar, de ser útil, mesmo sem muito tempo, sem muito dinheiro.
Lembro da minha infância, e sei que tiveram pessoas que marcaram de forma muito positiva essa fase da minha vida. Coincidência ou não...essas mesmas pessoas não me deram brinquedos ou roupas. Me entregaram algo muito maior, carinho, proteção, brincadeira, atenção...
Eu quero sim, adotar. Mas quero muito mais, quero estar perto dessas crianças, quero participar da vida delas, quero permitir que elas tragam pra minha vida todo amor e ensinamento daquele dia de visita, muitas e muitas outras vezes.
Marido não foi comigo na primeira visita, e quando contei sobre o pequenino de 2 anos, ele chorou...ficou chateado e disse que ainda não se sentia preparado pra ir lá.
É preciso esperar, amor precisa ser expontâneo, sempre. O meu momento com aquelas crianças chegou, o dele ainda não. É tempo de espera.
Fui na consulta com a médica especialista em reprodução humana. Foi ótimo. Muitas dúvidas esclarecidas, muitos exames pra fazer. E posso dizer que a competência dela me deixou muito segura e que pela primeira vez encontrei a pessoa certa pra me ajudar nessa caminhada...
Saí de lá muito bem, sem qualquer sensação de derrotismo que já senti com outros médicos.
A menstruação atrasada, exames pra fazer no terceiro dia do ciclo, exames pra fazer quinze dias antes da próxima menstruação, exames pra fazer logo que a menstruação terminar.
Mesmo assim, nenhum grau de ansiedade, não fiz teste nenhum de farmácia e nem pensei em beta. É tempo de espera.
E ontem a noite a menstruação desceu, bonitinha e sem me matar de cólica, e eu esperava por ela. Não como quem espera uma visita indesejada, assim numa boa. E fiquei felizinha e ainda gritei do banheiro "que bom amor, menstruei, sexta feira vou fazer o primeiro exame"
O tempo já não é mais um problema pra mim, não mesmo. O mundo não está parado, a vida em constante movimento me faz pensar que tudo está exatamente no lugar onde deve estar. O tempo é meu aliado, enquanto ele passa o meu casamento vai melhor a cada dia, eu estudo mais, eu vejo a minha sobrinha crescendo lindamente, preparo mais o meu corpo, a minha casa, o meu espírito, e vou curtindo, vou sonhando, vou seguindo com fé.
É tempo de espera!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Nós vamos levar o teu marido...

Minha irmã, cunhado e sobrinha moram no mesmo prédio que marido e eu. Pra ser mais exata, no apartamento de cima.
É constante por aqui o sobe e desce de escadas, o entra e sai de portas, almoçamos aqui, jogamos carta lá, vemos televisão aqui...e assim vai. Mas cunhado não está aqui essa semana, viajou para Florianópolis a trabalho. Ontem jantando aqui em casa minha irmã brincou "bah cunhado, não queres ir lá em casa e tirar alguma coisa fora do lugar, deixar as roupas espalhadas, meias pela casa...também preciso que arrume a torneira que começou a vazar, o apartamento está com problemas na tubulação do gás...vamos dividir, um dia tu fica aqui, o outro fica lá em casa"
Eis que a Catherine no alto dos seus quatro anos, com a cara mais safada do mundo diz: "viu dindinha, nós vamos levar o teu marido"

Agora desabafo sério....

Estou doente, bichada mesmo, zica total....uma gigante infecção urinária, dor, muuuuuita dor.
A febre vai e volta. Tentei remédios que não me fizessem mal para o estômago, não funcionaram. Precisei tomar antibiótico, como eu já tive úlcera, com o efeito colateral do remédio o meu estômago se foi...completamente enjoada, cabeça explodindo e nenhuma parte do corpo sem doer.
Pra arrematar com chave de ouro, não dormi nem dez segundos, insônia total, pra meu desespero!
Não estou bem, não mesmo...

Quando passar eu volto, pra contar como foi a visita no orfanato.

Eu sei que vaso ruim não quebra fácil...mas tô com medo!!

Beijos

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Amor maior que eu...

Chega de tanta injustiça
de castigo e confusão!
Vou pra casa da vovó,
não tem outra solução!

Estou mesmo decidido
e pra sempre eu me mudo.
Aqui eu não posso nada
e por lá eu posso tudo!

Posso comer chocolate,
posso até me empanturrar.
Posso comer sobremesa
até antes do jantar.

Mesmo que eu faça bagunça,
vovó não briga comigo.
Se eu beliscar o irmãozinho,
vovó não me põe de castigo!

Vou fazer a minha mala,
meus brinquedos vou levar.
Vou levar o meu cachorro
e o meu jogo de armar.

Vou levar meu travesseiro,
levo também meu pião,
pego os meus livros de história
e as bonecas do coração.

Levo as coisas que eu gosto,
pra ter tudo sempre a mão:
levo também o papai,
a mamãe e o meu irmão!

Autora: Ana Canéo

Quando eu tinha três anos, na pontinha dos pés, as pernas curtinhas ainda não alcançavam a penteadeira. Eu me esforçava pra enxergar, era lindo...colares, anéis e pulseiras, tanto brilho, tanta cor...a pergunta, no auge da inocência infantil foi inevitável: "Vó quando a senhora morrer, deixa isso tudo pra mim?"
A resposta veio de pronto: "Deixo sim, mas terás de esperar muito ainda"
Na vida os amores se vão....é assim inevitavelmente, e de todos os amores que se foram, o teu amor é o que mais me faz falta, e dói assim, uma dor doída e difícil de explicar.
Eu não tive "vovó de cadeira de balanço" eu tive vó vaidosa, cabelos sempre arrumados, unhas sempre impecáveis.
A melhor sopa do mundo, ainda ontem chorei....fui fazer a sopa, e não sabia o que por na panela, aí lembrei....se eu pudesse te ligar.....
Hoje é teu aniversário, e eu preciso lembrar o quanto ganhei, foram 24 anos de convivência, de amizade, de amor. A cada dia tua imagem fica mais nítida pra mim, é estranho, mas não te perco na minha memória. Acho que é assim, quando alguém está dentro do coração.


terça-feira, 13 de abril de 2010

Ele anda rondando...

Chamem como quiser, cara dos milagres, coelhinho da páscoa, energia cósmica, Deus... a verdade é que sempre que estamos perto de desistir e jogar a toalha, quando a gente pensa que não dá mais...Então a força chega, ela impulsiona e mostra o caminho.
Cada um vive atrás de seus sonhos, e não dá pra esquecer que "o cara dos milagres" pode ser responsável por somente 50% do que quer que seja, dos outros 50% precisamos cuidar nós.
E dá pra ter medo sim, dá pra pensar em desistir, muitas vezes, muitas...mas não dá pra deixar de acreditar nos sonhos.
Enquanto a gente ainda acreditar, eu acredito que a vida continua...
A Than começou uma viagem nova, o rumo é ao desconhecido, porém desejado, sonho acalentado com carinho...carinho de mãe.
Pés pequeninos, mãos ainda menores, cheirinho de recém nascido...
Que felicidade Than, parabéns! A magia de gerar já começou com você, que bons ventos te levem sempre, que a vida seja sempre e cada dia renovada, amada e vivida com a intensidade que merece...
Os sonhos PODEM se realizar, desejo essa magia a cada uma de vocês!
Um beijo com carinho a cada uma de vocês, ah, e dois beijinhos para a Than!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Marido, filho do coração e cai cai balão.

Marido me abraçou ontem à noite e perguntou se eu estava feliz...devolvi a pergunta, não lembro do contexto, mas acho que ele respondeu que só faltava o filho. E que ele sabia que tinha duas maneiras pra ele chegar, que a adoção era opção sim, mas que também gostaria de continuar tentando.
O que realmente eu não sei, é se continuarei tentando sem me preparar para adoção, eu tenho consulta com uma especialista em reprodução humana no dia 23 de abril, até lá estou lendo bastante sobre adoção, sobre o processo jurídico e sobre um montão de coisas que envolvem o tema.
E digo que mesmo que a gravidez aconteça eu não vou abrir mão de adotar, não adianta, esse filho que eu nem gerei, já mora no meu coração tanto quanto o desejo de engravidar!
Eu nunca quis mesmo só um filho. Irmãos são dádivas, são presentes que nem sempre recebemos bem no primeiro momento...mas ao longo da vida, quando já somos suficientemente grandes para reconhecer a sua importância, acho que nenhum presente que nossos pais nos deram será tão precioso quanto a presença de um irmão!
E por último, ontem minha sobrinha que já tem 4 anos, dormiu aqui em casa com a gente. A pequena passou o dia amuadinha, febrão, dor no ouvido, marido e eu nem saímos pra ir em uma janta por conta disso, ficamos em casa caso minha irmã ou cunhado precisassem de alguma ajuda.
Todos jantamos no nosso apartamento, minha irmã e meu cunhado foram para o apartamento deles, mas minha sobrinha quis ficar. Assisti com ela o filme da Branca de Neve (AMO) e depois colocamos ela pra dormir no outro quarto....Hoje acordamos ao som de "cai cai balão, cai cai balão, aqui na minha mão" vindo do quarto ao lado. Eu abro os olhos e penso "isso é felicidade"

Beijo!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Minha necessidade de ser mãe.

Eu tenho tentado me entender (missão difícil) tenho buscado dentro de mim o que move essa necessidade de me tornar mãe.
Eu vejo que eu quero gerar bebê, quero muito ser responsável por ele durante os nove meses de sua formação. Quero sentir os chutes, quero ouvir o coração, quero ouvir o médico dizer: "O bebê é........" transformar meu mundo em azul ou rosa, e em todas as cores do universo, pois este dia certamente trará mais cor para toda a minha vida...e sinceramente...saber que tanto faz, porque depois dessa longa espera, o que importa é ter alguém na barriga pra chamar de filho, não importa...menino ou menina.
Mas então eu comecei a sentir dentro do meu coração, quero mais: quero mãos pequeninas para segurar, quero dar colo e cuidar de feridas, quero jogos, quero danças, quero bolachas recheadas, quero suco de laranja espremida, quero ensinar o certo, quero reunião em escolinha, quero um grito que chame: mããããããããe.
E vi que isso não depende de uma gestação.
O meu coração quer um filho, meu coração quer mais do que o meu corpo. Talvez por isso eu não possa esperar, eu quero um filho mais do que pra gerar, quero um filho para amar.
O amor pode nascer da barriga, mas é dentro do coração que ele cresce!
Tem algum tempo que a idéia mora em mim, eu já li a respeito, já me informei, já conheço o caminho jurídico.
Já falei algumas vezes com o marido sobre isso, nada foi descartado, nem concluído. Deixei a idéia, mas não quero exercer nenhum tipo de pressão sobre o assunto. É mais sério do que gerar um filho. Eu fiz, logo, eu amo. Mas adoção é concessão de amor, é permitir amar e ser amado por outro, que venha ou não de dentro de nós! E concessão tem a ver com entrega, precisa ser expontâneo, precisa crecer no coração.
Nesses dias eu tenho pedido "que a vida me leve pra onde eu devo ir"
Beijos